
Estudo realizado pela Confederação Nacional do Transporte (CNT) e o Instituto Sensus, e divulgado no finalzinho de 2010 (29/12), indica que 69,2% dos brasileiros estão otimistas com relação ao governo da presidente eleita Dilma Rousseff (PT). A expectativa dos brasileiros em relação ao governo Dilma é parecida com a que os eleitores tinham em novembro de 2002, a dois meses da posse de Lula, que ocorreu em 2003. Segundo a pesquisa CNT/Sensus da época, 71% dos brasileiros tinham uma avaliação positiva do então presidente eleito. Como a margem de erro da pesquisa de 2002 era de 3 pontos percentuais, para mais ou para menos, a avaliação positiva é próxima da obtida por Dilma. De qualquer forma, os números retratam tão somente uma expectativa popular, totalmente sedimentada à sombra de Lula, que podem ou não, caírem ao longo destes primeiros 12 meses do governo Dilma.
Um bom governo deve ter uma equipe em condições técnicas e políticas capacitada para os desafios, velhos e novos, de um país como o Brasil, ainda bastante desigual socialmente e economicamente, com índices de miséria e pobreza ainda merecedores de preocupações. Neste quesito, o governo Dilma começou mal, nomeando mais por critérios políticos (leia-se partidários) do que técnicos, seu primeiro escalão. O apetite dos partidos por cargos não parece ter fim. Esta “fome” por cargos, quase nunca pelos encargos das funções, contaminou, ao longo dos últimos 8 anos, todas as agremiações partidárias, inclusive o Partido do Trabalhadores, que sagrou-se o “vencedor” na conquista das vagas ministeriais. O perdedor, como sempre, é o Povo.
Aliás, lembro-me de uma frase espetacular da literatura brasileira, em Macunaíma, que, sem generalizar, nos dá um retrato do pensamento esquerdista de hoje no Brasil, ou não: “Ser socialista é socializar impostos com familiares e amigos. É prometer o céu para o povo e embolsar a grana”.
Não tenho dúvidas de que há e haverá por muito tempo críticas, nem sempre agradáveis ao poder estabelecido, quanto aos ministros nomeados pela presidente Dilma (PT). Muitos são verdadeiros prêmios de consolação para os perdedores no processo eleitoral de 2010, de vários partidos. Outros são clara demonstração do fisiologismo político que todo governo experimenta. A nomeação do ministro Pedro Novaes (PMDB-MA) para o Ministério do Turismo, um parlamentar de 80 anos de idade, é, sem preconceito nenhum, um exemplo claro de troca de moeda política, de afago ao Senador José Sarney, presidente do Senado Federal, em detrimento de se nomear alguém mais jovem e capacitado tecnicamente para gerir um ministério de tamanha importância econômica para o país. No Twitter, aliás, bombou que Dilma teria nomeado o Ministro do Turismo Sexual, em vista das denúncias que o mesmo teria pagado despesas em um motel com recurso público. Até uma frase clássica dita por Marta Suplicy (PT-SP), quando ministra do Turismo, foi lembrada: “Futuro ministro do ‘Relaxa e Goza’ (Turismo)”.
Como neste país tudo só começa a funcionar depois do Carnaval, só nos resta esperar e acreditar que o Governo Dilma possa ser capaz de resgatar suas promessas de campanha e realizar as necessárias reformas que o país precisa, em especial a Tributária e a Política, além dos avanços sociais e econômicos desejados, para que, assim, possamos, ter maior desenvolvimento cultural e educacional, construindo uma sociedade democrática mais igualitária e em sintonia com o exercício da cidadania, e, enquanto Povo, possamos, um dia, dizer: “L’État c’est moi” (o Estado sou eu), parafraseando o rei Luís XIV, da França de outros tempos. Quem sabe?
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