domingo, 9 de maio de 2010

FREI PETRÔNIO: ..."tanto o Emanuel Gomes, Danilo e Carlos de Deus não representavam as forças populares..." - PARTE 1



Notícia Comentada - Frei, sua saída de Jacobina, com os Carmelitas, causou comoção e polêmicas na sociedade. O que aconteceu? Há quem diga que "forças ocultas" na política local influenciaram a decisão do Bispo da Diocese.
Frei Petrônio - Meu caro Fred Santos e internautas. Segundo Jesus Cristo, “Cada árvore se conhece pelo seu fruto”. (Lc 6, 44). Nesta cidade, sem vaidade nenhuma, reconheço que nós, Carmelitas, produzimos bons frutos, desde o Frei Raimundo Brito, até a minha pessoa. Cada um com o seu método de evangelização. Aqui plantamos árvores que produziram inúmeros frutos. Ex: Você sabia que, ao chegar em Jacobina, o Frei Raimundo Brito foi intimado a usar determinados “roupas de padres”? Você sabia que ele não foi aceito por determinados grupos da sociedade por considerá-lo “analfabeto”? Imagina um padre analfabeto! Claro que o mesmo não desanimou em sua missão inicial, teve que enfrentar tais grupos e, com o seu jeito simples, foi plantando a palavra de Deus. Você sabia também que o mesmo Frei foi denunciado na Secretaria de Cultura do Estado através o IPAC- Instituto do Patrimônio Artístico e Cultural da Bahia, por construir um Salão Paroquial atrás da Igreja Matriz? Pois é, hoje, este salão é o ponto de apoio de toda a comunidade católica. Outra curiosidade: Você sabia que falsificaram a assinatura do mesmo Frei através de uma carta para a indicação de um representante do Conselho Municipal de Saúde? Estas questões são apenas “pequenas” lembranças do histórico do primeiro padre carmelita que chegou nesta cidade e teve que enfrentar determinados grupos para se manter na paróquia.
O Frei Raimundo teve que enfrentar determinadas realidades para defender o templo-pedra-igreja. Eu Frei Petrônio de Miranda, tive que enfrentar alguns grupos para defender o templo carne-povo de Deus. Mas quem estava certo? Você pode me perguntar: Frei, quem estava certo? Acho que nós dois.
Na pergunta você fala “em forças ocultas”. Vamos entender tal afirmação. Em primeiro lugar, não tem forças ocultas nenhuma. Alguns(as), repito, alguns(as), do grupo do Rui Macedo, ficaram revoltados com a possibilidade da minha entrada para a Política. Escreveram para o Bispo, Dom Francisco e para o meu superior em São Paulo. É bom lembrar que, neste período, foi também a nossa luta contra o preso abusivo do gás. Alguns empresários do gás “católicos” ligaram para o bispo, algumas caravanas foram até Bonfim me denunciar, ligavam para o Bispo chorando, dizendo que eu estava fazendo política na igreja, etc, etc. Foi dentro deste contexto que o Bispo, Dom Francisco Canindé, pediu a paróquia de volta.
NC) O senhor, em 2008, buscou ser o candidato do PT à prefeitura de Jacobina. Foi derrotado nas prévias internas do partido. A que ou quem o senhor atribui esta frustração em seu desejo político?
(FP)
Vamos por parte. Não sou mais filiado ao PT. Hoje sou filiado ao PCdoB. Vejo com bons olhos a caminhada do partido em Jacobina e tenho uma grande admiração pelo Deputado Daniel Almeida. O que existia em Jacobina antes das eleições era um grupo político de companheiros e companheiras que acreditavam ou, ainda acreditam, em uma candidatura nascida da base. Digo-te que, se eu e o Pastor Welber, tivéssemos afiliados em um partido bem antes do processo eleitoral, teríamos saídos candidatos. Aliás, se tem alguém ético, humano, justo e com uma sensibilidade fora do comum em Jacobina, este alguém chama-se o Pastor Welber Cordeiro. Se existo santo na face da terra, “ELE É O CARA”. Não por ser Pastor, porque tem Pastores que Deus me livre! Não por andar com uma Bíblia embaixo dos braços, porque tem gente que anda com uma Bíblia e esqueça os crucificados da vida. Não, o Pastor Helber Cordeiro, atual presidente da ONG-Abraçar Jacobina, hoje afiliado ao PT e ex-candidato a vereador, é sem dúvida alguma um homem de Deus e, quem sabe, um futuro político desta cidade.
Sempre gostei do PT e trabalhei para o PT, seja em Belo Horizonte, para o Patrus Ananias ou em São Paulo, para Marta Suplicy. Portanto, quando pensei em uma afiliação fui direto para o PT, só não estava consciente que o PT enquanto quadro humano de Jacobina é diferente do PT de BH ou de SP. Mas tem também ótimas pessoas, sem dúvida alguma.
Participei ativamente das últimas eleições. Estive com o grupo na governadoria, no Rui Costa, fui à sede do PMDB, com o Dr. Airton, na tentativa de uma provável afiliação do mesmo e candidatura pelo PMDB. Enfim, participei do grande sonho e tentativa do lançamento da sonhada terceira via. Logo após esta tentativa, me desfilei do PT e fui claro na imprensa fala escrita desta cidade que, tanto o Emanuel Gomes, Danilo e Carlos de Deus não representavam as forças populares, afinal tinha na jogada uma mulher simples, carismática e com o marido ex-prefeito como principal cabo eleitoral.
Dizer que estava torcendo pelo Rui Macedo (PMDB), estaria mentido, mas também dizer que não fiz campanha para Valdice Castro, também estaria mentido. O que eu não queria era ver o poderio do então Ministro, Geddel Vieira Lima, levar esta eleição. Ficava revoltado quando o mesmo vinha em Jacobina anunciando os milhões que tinha destinado a esta cidade e o povo continuava sofrendo, a exemplo da rua Coronel Fulgêncio. Aliás, para onde foram milhões que o Geddel enviou para o Rui Macedo, você sabe?
O Rui Macedo não é uma má pessoa, o que falta nele é uma posição firme em suas atitudes e uma linha política. Não sabemos se ele é da direita, da esquerda, do centro ou se está em cima do muro. Aliás, vale a penas relatar um fato. Nesta cidade eu tinha o chamado Natal do Lixão. No primeiro ano, pensei em pedir o seu apoio. Tomei um susto quando recebi um não com todas as letras, mas por outro lado, ele nos ajudava em outras ações da Paróquia com uma maior facilidade. O Rui é um bom homem, tem uma esposa muito dedicada e atenciosa, o que lhe falta é ser mais povo, descer e subir ladeira não apenas em ano eleitoral e, o que é mais importante, não se deixar levar por bajuladores que atrapalharam muito nas últimas eleições. Aliás, o PMDB, atual partido do ex-prefeito, foi o meu primeiro partido em Alagoas, onde fui candidato a vereador antes de entrar para o Convento do Carmo, no ano de 1988.
(NC) O senhor ainda tem intenções de concorrer a cargo eletivo por Jacobina?
(FP) Caro Fred Santos. Se você financiar a minha campanha, por que não? Acredito que os movimentos sociais têm uma grande força. Acho que o Zé, a Maria, o João... não devem apenas ser manipulados(as) pelos políticos em época de eleições, mas serem protagonistas da história política desta cidade.
(NC) Qual foi seu objetivo ao escrever a carta “Os filhos do tio Leo”, que teria, supostamente, deixado uma boa parte da imprensa em pé de guerra com o frei?
(FP) O filósofo Platão, na Grécia antiga, ao ser questionado sobre determinado tema não dava uma resposta, mas suscitava discussões. O objetivo daquela carta, que, aliás, está em dois vídeos na internet (Caso você queira ouvir é só pesquisar no Google: Os filhos do tio Léo) foi de fato levar a comunidade a uma reflexão sobre o papel da imprensa no contexto político desta cidade. É verdade que nós tínhamos uma programação na Rádio Clube, mas é importante dizer que a Jacobina Mineração e o Comércio sempre tiveram uma parceria com a Paróquia de Santo Antônio e a Rádio Clube no que se refere o pagamento de toda a programação, mesmo antes dos Carmelitas chegarem. Portanto, nada era de graça. De graça sempre foi na Jacobina FM, graças o apoio do amigo Joaquim Valois e agora na Rádio Jaraguar AM, através das minhas crônicas diárias gratuitamente, também, graças ao apoio de outro amigo, o Ramiro Miranda.
O que falta na Rede Nordeste de Comunicação, do grupo do ex-deputado Pedro Irujo, através das Rádios Clube e Serrana FM é valorizar Jacobina colocando um diretor desta cidade para tais emissoras. As duas rádios têm ótimos profissionais, a exemplo dos amigos Maurício Dias, Angel Rosa, Carlisvan Santana, Marcílio Alves, João Batista... Mas a direção do grupo ainda não confia na competência e honestidade dos jacobinenses. É lamentável!
Outra questão que a carta levantou é que de fato existem jornais que são exclusivamente para benefícios de grupos políticos. O que todos já sabem. Jornais são fundados e são sepultados sem nenhum compromisso com a comunidade. Por sua vez alguns profissionais são pagos para defender grupo Y ou X. É lamentável! Falar que existe imprensa livre, todo mundo sabe que é uma grande mentira! Desde a folha de São Paulo até o jornal do bairro, todos têm uma linha de pensamento a partir de uma ideologia política, econômica e social. Que o diga a história da grande mídia no Brasil e no mundo. Por que será que o Rui Macedo ou os seus assessores próximo das últimas eleições sempre estavam na Rádio Clube? Não é necessário responder, meu caro.

NOTA DO BLOG: (1) As respostas do entrevistado exprimem somente a opinião do mesmo, o autor do blog não se responsabiliza por quaisquer consequências e/ou danos que elas venham a provocar a terceiros. (2) O Blog disponibiliza espaço para comentários dos internautas e os publicará, desde que sejam sem ofensas e/ou ataques pessoais. (3) O Frei Petrônio não economizou nas palavras, por este motivo a entrevista teve que ser dividida em 02 partes, sendo que na próxima terça-feira (11), a partir das 15hs., a segunda parte será publicada. Agradecemos a compreensão e COMENTEM, fiquem a vontade.

2 comentários:

Anônimo disse...

o frei voltou, hahahah, tremam hipócritas da política de jacobina.

Anônimo disse...

Acho que o Frei usou um freio nas palavras. Primeiro ao analisar um finado político e dizer que o mesmo não é uma má pessoa e, ao mesmo tempo, apresentar fatos e verdades que o contradizem. Aliás, ele que conhece a Bíblia deve saber que o mesmo tem certa semelhança com Judas. Outro ponto confuso foi a menção elogiosa a alguns comunicadores que vendem o almoço para garantir a janta e, em momento algum, se envergonham de mentir em proveito próprio. Credito tudo à sua fé, que o deve tornar mais resignado e capaz de relevar os erros. No mais, é elogiá-lo pela força e pela coragem de combater toda espécie de corrupção e hipocrisia, mesmo pagando um preço tão caro. Espero que saibamos dar o troco por ele e pelo nosso bem.

Robson Carvalho