(NC) Após a sua saída de Jacobina para onde foi e o que está fazendo?
(FP) Fui transferido para o Convento do Carmo de São Paulo- capital. Estou fazendo uma terceira faculdade, desta vez de jornalismo. Sou vigário paroquial aqui na Basílica de Nossa Senhora do Carmo e também celebro na Catedral da Sé durante a semana.
(NC) Qual a sua avaliação dos governos Wagner (PT) e Valdice (DEM), na Bahia e Jacobina, respectivamente? Tem acompanhado o cenário político baiano e, em especial, o jacobinense?
(FP) Sou suspeito em avaliar o governo estadual, já que sou 100% PT e Wagner. Acompanhei várias caravanas até Salvador e fomos atendidos em todas às vezes, desde os pedidos da recuperação da estrada de Miguel Calmon a Jacobina até a legalização da Associação dos Garimpeiros. Deus nos livre da volta do antigo PFL! O Sangue de Cristo tem poder!!! Quanto a Prefeita Valdice, ela é uma mulher carismática, simples, fala a linguagem do povo e tem o pé no chão. O que eu lamento é a interferência do seu esposo, o amigo Leopoldo Passos em sua administração. Acho que ela tem boa vontade em fazer muito por Jacobina, mas fica “acorrentada” ao passado. Espero que um dia que ela possa se libertar da escuridão da caverna e perceber que Jacobina vai além dos cabos eleitores e “amigos” (as) correligionários. Mas presta atenção no que eu vou falar: Se não houver uma grande articulação nas próximas eleições das forças opositoras, a amiga Valdice Castro será reeleita. Ela é a maior cabo eleitoral que eu conheço não apenas em Jacobina, mas em toda região.
(NC) O que o senhor acha dos pré-candidatos a deputados de Jacobina?
(FP) Todos são ótimos cidadãos, mas só serão motivos de divisão entre os eleitores, o que é uma pena. Jacobina precisava se unir em torno de uma única candidatura. O PT pecou mais uma vez ao não ser ousado e lançar um novo nome. Já deixei clara a minha visão sobre a companheira Dejanira, do Movimento de Mulheres. Ela sim seria a novidade da política partidária e dos Movimentos Socais nestas eleições para Deputado. Jacobina clama não por profissionais da política, mas das causas sociais para ouvir o grito do povo.
(NC) O senhor foi um dos mais destacados organizadores da Caminhada da Luz nestes últimos anos. Este ano, a prefeitura e a Paróquia local modificaram o nome para Caminhada Penitencial da Luz, causando descontentamento entre os católicos, que resultou em um público estimado em três mil pessoas, segundo a mídia, e muitas críticas negativas. Como senhor analisa esta mudança e seus efeitos?
(FP) A caminhada da Luz tem, teve e sempre terá sempre como idealizador e PAI, o amigo, Capitão Assunção. Nós, Carmelitas, apenas o auxiliamos e o apoiamos em sua ação brilhante. Pelo que eu saiba, não foi a Prefeitura que modificou o nome, mas o padre. Respeitamos, mas lamentamos, já que a mesma fazia parte do calendário turístico da cidade. Esperamos que o amigo e dedicado, Padre João Zacarias, atenda o desejo do povo em voltar com a idéia inicial que não foi do Frei Petrônio de Miranda ou da Prefeitura, mas do Capitão Assunção.
(NC) A Segurança Pública na Bahia tem sido alvo de muitas críticas por parte da população. Como o senhor tem observado esta questão? No caso de Jacobina e região, quase toda semana ocorre um ou mais assassinatos. O senhor, recentemente, criticou a Caesa e setores de segurança pública em Jacobina.
(FP) A segurança pública passa pela questão familiar, social, econômica, ética e religiosa. Um adolescente que vive em conflitos com os pais e irmãos. Um jovem que não encontra diálogo, apoio e segurança na família. Claro e obvio que ele será mais um no meio da multidão revoltado contra tudo e contra todos. O que falta é Deus na família, parece simples mais não é. Hoje, muitos pais não se preocupam em passar os valores éticos, morais e religiosos para os seus filhos. Todos vivem no mundo do consumo e da produção. Os jovens não têm valor pelo que são, mas sim pelo que produzem ou tem. Quando os mesmos se deparam com o vazio existencial, daí vem os atos de violência, o consumo de drogas, o roubo, as mortes...
A presença da Caesa ou não em Jacobina não irá resolver a questão de assaltos e mortes. Necessitamos sim, de políticas públicas de inclusão social nos bairros carentes, tais como os trabalhos da Minita Montenegro com os adolescentes através do esportes, do Aguinaldo e João Bosco no Bairro do Peru e outros trabalhos desenvolvidos nesta cidade sem o apoio dos poderes constituídos.
A Polícia é um sinal de ordem, de orientação, e não de resolução da questão da violência em Jacobina, na Bahia, no Brasil e no mundo. Se a questão da presença da ordem, polícia e da lei resolvesse o problema, os Estados Unidos não teria tantas chacinas nas escolas. Repito: o que falta é Deus nas famílias.
(NC) A Igreja Católica vem sofrendo críticas no mundo por sua suposta omissão em casos de pedofilia praticados por padres, atingindo inclusive o Vaticano. Qual sua opinião sobre isto?
(FP) Caro Fred Santos, o Padre Alfredo desenvolveu nesta cidade e região um trabalho excepcional. Ele era padre e pai dos pobres da região. O Frei Damião, inspirador da minha vocação religiosa e sacerdotal, era amado pelo povo e considerado santo.
Estes dois exemplos entre milhares é para dizer que a Igreja Católica é santa e pecadora. Erros existem em qualquer instituição. O que não devemos fazer é não reconhecer no meio das limitações humanas também as virtudes e os exemplos de fidelidade à vocação sacerdotal.
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