O PODER EM JOGO

OPINIÃO - Ao que parece, a cada ciclo eleitoral no Brasil, as discussões em torno das supostas candidaturas a cargos majoritários, em especial, e as prováveis alianças partidárias, são irremediavelmente antecipadas para o mundo político e a análise – nem sempre lógica e/ou racional – do eleitorado. Apesar dos discursos costumeiros dos interessados no desenrolar dos debates políticos em torno da eleição vindoura de que não há pressa em se definirem nomes e ações políticas-partidárias, sempre sobra um sentimento de expectativa e, para alguns, satisfação interior em ver seus nomes pré-aprovados pelos eleitores e, respectivamente, a sociedade.

O pleito eleitoral de 2010, que renovará ou não os ocupantes de cargos de governador(a), deputados e deputadas nos níveis estaduais e federal, senadores e senadoras, além de conduzir novos parlamentares para as Assembléias Legislativas e para a Câmara Federal, bem como ao Palácio do Planalto. Aqui na Bahia, o jogo eleitoral foi antecipado em muitos meses. Já está em seus minutos iniciais, onde os adversários se estudam e buscam estrategicamente ampliarem suas ações em torno do objetivo principal que é a vitória. O PT atua na condição de vitrine, no sentido de resolver a parada no tempo normal do jogo eleitoral conseguindo a reeleição do governador Wagner, que vem oscilando em números divulgados em pesquisas domésticas e de metodologia e conceitos duvidosos, para cima e para baixo, bem como seus possíveis adversários, Paulo Souto (DEM) e Geddel V. Lima (PMDB). Nesse jogo, apenas iniciado, os jogadores e as comissões técnicas desses que são, até o momento, os principais times em campo, se articulam estrategicamente para que sejam cometidas as menores falhas possíveis, fato este que poderá definir o rumo que o eleitorado se definirá em 2010.

Ninguém ainda é de ninguém. Tudo pode acontecer e muita coisa poderá mudar, a depender das circunstâncias e dos interesses político-partidários que se sobrepõem quase sempre às expectativas e anseios da população, quando outrora inimigos se tornam amigos e vice-versa, durante esse processo de aproximação dos partidos e/ou separação, que podem dar novos contornos ao pleito a ser definido nas prévias e convenções eleitorais do ano que vem. Por enquanto, aqui na Bahia, PSDB e DEM já divulgaram aliança para 2010. O que não causou nenhuma surpresa já que ambos os partidos sempre foram aliados no plano nacional e se não estavam juntos no estadual era por conta da animosidade política e pessoal existentes entre o falecido senador ACM e as lideranças tucanas por aqui. Isto não existe mais. Aliás, esse namoro começou já na eleição 2008 para prefeitos e vereadores. O amor entre as duas legendas renasceu e colheu alguns frutos em municípios baianos.

Aqui em Jacobina, os tucanos tentaram fazer parte da chapa dos democratas, indicando o então vereador Carlos de Deus para vice na chapa encabeçada pela então candidata Valdice Castro, posteriormente eleita em uma votação apertada (245 votos) contra o então prefeito Rui Macedo (PMDB). Foi sumariamente vetado pela liderança dos Democratas, o ex-prefeito Leopoldo Passos. O PSDB então ficou escanteado, mas permaneceu aliado do DEM, na condição de coadjuvante e dando o chamado “apoio velado”, mantendo uma candidatura majoritária à prefeitura, sem pretensões de vitória, sabe-se hoje, e negociando apoios políticos para o pleito de 2010, como por exemplo à reeleição do deputado estadual Sérgio Passos, que, pelo histórico e comprometimento político do ex-prefeito Leopoldo Passos (DEM) existente, dificilmente esse apoio se concretizará em favor do tucano. Essa eleição municipal também deixou desgastes na imagem e no histórico político do ex-vereador Carlos de Deus junto à população de Jacobina. Com a formação da aliança DEM/PSDB no estado da Bahia, alguns questionamentos começam a ser feitos em Jacobina em relação ao posicionamento do dep. Estadual Sérgio Passos (PSDB) em relação ao governo Wagner e o PT, já que seu partido rompeu com o governo estadual petista e o mesmo é “padrinho” de vários cargos públicos estaduais no município e região.

O deputado conseguirá manter os cargos sob sua tutela política? O PT silenciará, em nome dos votos do PSDB na Assembléia Legislativa em favor do Governo Wagner, diante da aliança tucana com os democratas, gerando assim uma expectativa contraditória? Não reivindicará os cargos concedidos ao tucano?

O dep. Sérgio Passos em declarações a imprensa ora diz que apoiará Wagner à reeleição, ora diz que é um homem de partido, seguirá as orientações do PSDB, que já deixou claro seu apoio à provável candidatura do ex-governador Paulo Souto (DEM) ao governo, portanto, não parece ser provável que mantenha sua postura política de apoio a Wagner, tudo parece levar a crer que se trata de estratégia para manter o poder de decisão nos cargos por ele indicados dentro do governo petista e seus possíveis benefícios recebidos pelos mesmos.

Enquanto isto, o homem forte do governador Wagner, o pré-candidato a dep. Federal Rui Costa (PT) sonha com o apoio da democrata Valdice Castro, prefeita de Jacobina, para conquistar uma cadeira na Câmara Federal pela Bahia. Sonhar pode. Já ter esse apoio....

Como na política faltam ingênuos, sobram espertos, só podemos concluir que Rui Costa deve ter algo na manga para apostar nessa parceria, deixando irritados, inclusive, seus companheiros de partido aqui em Jacobina. Eu não apostaria um centavo nessa parceria, mas o sonho é dele.