sexta-feira, 21 de novembro de 2008

CÂMARA APROVA COTAS PARA ALUNOS DO ENSINO PÚBLICO

NOTÍCIA - A Câmara aprovou hoje (20) o projeto que cria a cota de 50% das vagas em universidades federais para estudantes que tenham cursado todo o ensino médio em escolas públicas. As vagas serão preenchidas com reservas para negros, pardos e indígenas na proporção da população de cada Estado, medida pelo censo da Fundação Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Dentro dessa cota, o projeto reserva a metade das vagas para os estudantes de família com renda igual ou inferior a um salário mínimo e meio per capita. (Fonte: MSN Notícias - http://noticias.br.msn.com/artigo.aspx?cp-documentid=13549650 )

COMENTÁRIO DO BLOG - É preciso separar o joio do trigo nesta questão. Primeiro, é justa e necessária, temporariamente, as cotas destinadas aos egressos da rede pública de ensino, que historicamente está bem atrás da qualidade verificada na rede privada (que também não é essa "coca-cola toda" como se diz por aí). Nos últimos anos, o ENEM vem confirmando essa disparidade entre público x privado. Ponto. Outra coisa é querer estender esse sistema de cotas para a questão racial, numa argumentação frágil em torno de se fazer uma reparação histórica aos negros e índios desse país, que foram vítimas da escravidão durante séculos no Brasil (Colônia e Império). Um erro. O governo está indo pelo caminho mais fácil e mais polêmico. O verdadeiro foco deveria ser a melhoria radical da qualidade do ensino nas escolas públicas brasileiras, injetando mais recursos destinados a promover melhores salários aos professores e servidores, reestruturação física e logística das escolas, avanços tecnológicos e sociais, entre outros importantes aspectos objetos das muitas reivindicações anuais da categoria e dos pais e alunos, em pouco, muito pouco mesmo, atendidas pelos governos, sejam municipais, estaduais ou federal. Apesar do discurso frequente dos políticos e dos governos, a Educação não é e não será, se mantidas essas políticas equivocadas do MEC e dos governos, prioridade neste país, o que lamentamos.
O coordenador nacional do Movimento Negro Socialista, José Carlos Miranda, reforça esse pensamento. Ele tem feito campanha contra a diferenciação entre negros e brancos na seleção universitária. Ele defende a idéia de que o principal problema não é racial, mas o abismo que existe entre as classes sociais no Brasil. Concordamos integralmente.
Diz Miranda, "Para lutarmos contra o preconceito, contra a discriminação, contra o racismo, nós temos que lutar por mais igualdade, não por diferenciar as pessoas, não por afirmar a diferença das pessoas, mas sim afirmar a igualdade. Então quanto mais direitos, oportunidades nós damos a todos, mais democrático vai ser esse acesso”, que entregou um manifesto contra as cotas raciais no Congresso Nacional, em 2007, até agora solenemente ignorado pelos nossos representantes políticos.
Também contrária à política de cotas raciais, a antropóloga da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), Yvonne Maggie, afirma que a definição das pessoas como brancas ou negras é feita por perspectivas sociológicas e culturais. Mesmo admitindo que existem diferentes cores de pele, de olhos e tipos de cabelo, os brasileiros não dariam importância aos marcadores sociais.
Para Yvonne Maggie, o país precisa pensar uma educação superior de massa, e não reservista. “Nós estamos colocando errado a questão. A questão é fazer com que muitas pessoas se formem no ensino médio, 30% apenas das pessoas terminam o ensino médio na faixa etária correta. Esse é o grande gargalo e a grande vergonha da nossa sociedade. Nós colocamos 70% dos nossos jovens na rua e sem o diploma do ensino médio.” (destaque nosso).
Portanto, considero equivocada a forma de utilização do sistema de cotas no acesso ao ensino superior no Brasil. É preciso rever isto. DEIXE AQUI SUA OPINIÃO!

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