
Não é de hoje que a população jacobinense se esconde com medo da violência e dos crimes urbanos. O tráfico de drogas e a marginalidade estão presentes na história do nosso município há muito tempo.
Não é novidade em nossa história social. Quem não se lembra da triste fama de Jacobina no estado, quando era conhecida como "Jacóbala"? Quem não se lembra das estórias contadas pelo povo que no povoado de Lages do Batata matava-se um e deixava-se outro amarrado para o dia seguinte? Eu me lembro e bem. Afinal não faz tanto tempo assim. A verdade é que sempre convivemos com a violência e com violentos em nosso município. "Machões" que se acham homens sempre foram protagonistas de cenas violentas em Jacobina. A diferença é que ela parece ter se ampliado e se tornado quase incontrolável, ao menos para a estrutura precária vivida pelas polícias locais e uma sociedade cada vez mais insensível e cheias de mazelas e vícios que a afastam da família e dos laços de amor fraternal, não obstante Jesus estar diariamente nas bocas, quase nunca nas mentes e corações, de muitos pseudos religiosos e defensores da moral cristã. Mas essa discrepância social e afetiva está em todas as camadas sociais e faixas etárias.
Uma população que assiste um programa como o "Na Mira" da TV Aratu, bebe violência todos os dias e leva para seu consciente mental que isto tudo é normal, não poderia ser diferente. E não é. Um fato que reforça isto é a audiência da mídia quando o assunto é: sangue e violência, é assustador.

Uma outra verdade, e sempre disse isto, apesar dos discursos demagógicos e hipócritas de muitos na sociedade local, em especial advindos dos políticos, é que não somos uma sociedade pacífica, pelo contrário, somos até arredios e intolerantes, culminando em muitas vezes na violência, seja ela física ou emocional. Portanto, não somos especiais e nem diferentes de muitos rincões do Brasil. É cultural, é da desestrutura familiar que se constrói ou desconstrói ao longo das últimas décadas. Somos sim, um povo passivo, omisso e, em muitas ocasiões, medroso, que não aprendeu ainda a exercer seu direito de cidadania e aproveitar a liberdade e a democracia para exercer esses direitos sociais e pressionar com as armas das manifestações livres e de direito, pelas suas necessidades e reinvidicações sociais.
Somos "corajosos" quando enfrentamos mulheres e homens pacíficos e "frouxos" diante do poder repressivo, dos políticos desonestos e corruptos, dos arrogantes e dos violentos sociais, somos assim, aqui e em muitos lugares do mundo, é da nossa natureza ainda imperfeita.

Ontem nos chegou a informação que mais uma pessoa teria sido assassinada em um bairro periférico, mas comercial, de Jacobina. Mais um para uma estatística violenta e sem fim que assola a nossa cidade, enquanto à Polícia Civil briga entre si e projeta insegurança e receios na sociedade.
"Jacóbala" está de volta? Ao que parece sim. O que se ouve e aqui e ali é que devemos ficar em casa, quem sabe assim estejamos a salvo e não sejamos mortos ou assaltados nas ruas outrora mais tranquilas de nossa cidade. Será? Acho que não, quem deveria estar trancafiado em grades não somos nós, mas sim a marginalidade e os criminosos.
O fato é que estamos perdendo esta batalha social contra a criminalidade. O Estado, constitucionalmente responsável pela Segurança Pública, se mostra ineficaz e incapaz de reverter esta condição de temor social hoje vista na Bahia, que, ainda não se sabe bem por que, aumentou consideravelmente durante o governo Wagner (PT), apesar dos esforços governamentais para amenizar esta realidade.
Jacobina está com medo e, nas palavras do Frei Petrônio, se tornou um "faroeste", onde bandidos e mocinhos convivem sem o romantismo visto nos bons filmes de Hollywood, mas ao som da dor, do desespero, da omissão das autoridades (in)competentes, marcadas pelos rastros vermelhos de sangue que se multiplicam cada dia mais.
Até quando? Não sabemos, mas não será em breve, certamente, que esta triste realidade de insegurança pública terminará, pois ela está atrelada aos nossos instintos, as nossas mazelas íntimas, a hipocrisia social, a fragilidade da família, a uma educação desmotivada e desmoralizada nas escolas (públicas e privadas) que somente olham para o mercado e não para o Homem, enfim, a violência está dentro de nós, não somos pacíficos, gostamos de conflitos e geramos conflitos, a paz não está dentro de nós, portanto, não está na sociedade, não está em nossas vidas, como um todo. Esperança? Sempre, apesar de tudo, não devemos desistir e nos omitir, a paz depende de cada um de nós, e não do outro. Façamos uma reflexão sobre isto.
Um comentário:
Caríssimo amigo,
Infelizmente a sociedade está passando por um momento muito difícil mesmo. Em todas as cidades grassa a violência. Moro em Salvador-Ba, aí você sabe como é! quanto maior o centro mais esses casos se multiplicam. Ainda hoje, em Morro do Chapéu, sequestraram o Gerente do BB, o amigo Edmar, que voltava de Alagoinhas-Ba, cidade onde nascera. Surpreendido pelos meliantes que, segundo relatos, colocaram a sua familia em cativeiro e mandaram-no buscar algum montante, provavelmente para o resgate. Ficamos atônitos não temos mais aquele lugarzinho, típico do interior, onde podemos morar pacificamente. o mundo tá virado de ponta cabeça. Resta-nos refletir mesmo como dissestes muito bem. Sair da nossa Zona de conforto e arregaçar as mangas no combate a violência. Não com armas violentas, mas como o nosso grande Gandi exemplificou - com Paz no coração e mostrando o outro lado. Aquele lado que o Nosso Irmão maior - Cristo chamou de outra face - quando alguém te agredir de um lado mostre a outra face. Ele não quis com isso que apanhássemos passivamente, não, ele nunca foi passivo. Mas, quis tão somente que mostrássemos o lado da Paz, o lado da não violência enfim, o lado do Amor maior.
E Viva o Amor!!
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