PREFEITA VALDICE E OS "DROGADOS E ALCOÓLICOS"

Valdice Castro (DEM) (Divulgação)

OPINIÃO - Em entrevista ontem (22), ao Painel de Notícias, da Rádio Clube AM, apresentado pelo competente radialista Maurício Dias, a prefeita Valdice Castro (DEM) foi, no mínimo, infeliz, em uma de suas colocações. Disse, em linhas gerais, e está certamente gravado, que "somente desempregados, drogados e alcoólatras frequentavam e defendiam Flávio da Barraca". Se não foi esta a sua intenção, assim ela foi entendida.

É mais um capítulo nessa novela Prefeitura X Flávio que se iniciou na gestão do ex-prefeito Leopoldo Passos (DEM), e culminou recentemente com a apreensão de bebidas e outros produtos da referida barraca, localizada no centro da cidade, em uma ação "cinematográfica", com direito a guardas da PAM, truculência e tudo mais. Fruto de uma perseguição política, tudo leva a crer, que se iniciou ainda no mandato do ex-gestor Passos, marido da atual prefeita.
As palavras da prefeita, que atingiu de forma generalizada todos os clientes e frequentadores da barraca do Flávio, entre eles este bloguista e muitos outros, denominando-os de "drogados e alcoólatras", bebuns na gíria popular, sem separar o joio do trigo, causou uma indignação geral na população, que, talvez mal assessorada, se deixou levar por emoções oriundas da campanha eleitoral 2008 (o palanque parece não ter sido desmontado ainda), ou por outros motivos qualquer, e deu no que deu: não se fala outra coisa senão nessas palavras da prefeita. Afinal, foram e são frequentadores da barraca de Flávio, policiais, advogados, políticos, bancários, comerciantes, professores, funcionários públicos, entre muitos outros, que até onde se sabe não se enquadram na generalização, entendida assim, proferida pela prefeita.

De qualquer forma, muitos desses frequentadores também entram e saem da prefeitura de Jacobina, do comércio local, dos bancos, das repartições públicas, etc., e não se ouve falar por aí, nem ninguém em entrevista tenha dito algo deste nível, que esses ambientes sejam frequentados somente por drogados e alcoólatras, mesmo que eles também o façam na condição de cidadãos brasileiros, e - mais importante para os políticos -, sejam eleitores.
Não entrarei no mérito se Flávio tem ou não autorização para comercializar bebidas alcóolicas, isto não me compete. No entanto, por ter sido o mesmo já alvo de ações politiqueiras por parte do ex-gestor Passos num passado recente, e Flávio ter manifestado apoio e voto no ex-prefeito Rui Macedo (PMDB), a coisa toda cheira a politicagem e perseguição, em vista de que a prefeitura nada fez e, na minha opinião, nada fará, no mesmo tom e conteúdo fiscal em relação a outras barracas localizadas em áreas urbanas que também comercializam bebidas alcoólicas mesmo sem ter a autorização para tanto, bem como bares localizados próximos aos Hospitais Antônio Teixeira Sobrinho e Regional que literalmente invadem as vias públicas, vendem bebidas alcoólicas e fazem barulho em área hospitalar, sem que nada se faça para coibir estes abusos, por parte da PMJ.

Como se diz por aí, dois pesos, duas medidas. A prefeita disse na entrevista que tomará todas as medidas cabíveis e dará tratamento igual para esses estabelecimentos e outros na cidade que agem da mesma forma. Alguém acredita que isto acontecerá?
Prefeita, com todo o respeito que a senhora merece e tem, mesmo não tendo tido o mesmo respeito para com os frequentadores da barraca de Flávio, a senhora foi infeliz em sua colocação, talvez deva um pedido de desculpa pública a muitos cidadãos e cidadãs de bem de Jacobina, que frequentam ou frequentaram a barraca de Flávio, e também ao mesmo, não acha? Seria de bom tom e demonstraria o coração generoso que a senhora diz ter, não só como assistente social, mas como cristã.

Uma outra coisa: a senhora poderia também aconselhar seu assessor de imprensa, o amigo Noedson Ney, a ter o mesmo respeito por muitos que trabalharam na administração passada, de forma honesta e que são pais de família e profissionais competentes e dignos, já que o mesmo escreveu o seguinte no seu site (Jacobina Notícia): "Todo mundo sabe que a quadrilha que esteve na prefeitura por quatro anos, nada fez e ainda querem inviabilizar e impedir o atual governo trabalhar", generalizando homens e mulheres de bem que prestaram relevantes serviços à comunidade e ao município de Jacobina, sem separar o joio do trigo, se é que houve e há "quadrilheiros" na gestão anterior. Não é a primeira vez que o assessor usa este termo para ofender, de forma generalizada, intencionalmente ou não, pessoas que acompanharam e trabalharam na gestão Rui Macedo. Pisou na bola meu caro amigo e assessor de imprensa, poderia também se retratar publicamente. Aliás, o que um assessor de imprensa diz ou escreve deve retratar o pensamento oficial de uma administração e seu gestor ou gestora. Sendo assim, perguntamos: a prefeita Valdice Castro assina embaixo das palavras ditas ou escritas pelo seu assessor de imprensa? A prefeita também acha que na adm. do ex-gestor Rui Macedo todos faziam parte de uma suposta quadrilha, como afirmou seu assessor?

Para concluir esta modesta opinião e desprovida de interesses partidários, relembro a nossa prefeita (sim, enquanto estiver no cargo é prefeita de todos os municípes), uma frase sua dita também na referida entrevista, mais feliz, e que poderia ser devidamente praticada pela mesma e seus auxiliares durante sua gestão, pois, afinal, esse é o objetivo maior de quem assume a condição de autoridade pública, sempre a serviço do povo e não de si e dos seus, não acham?

"Vamos dar as mãos, deixar de rancor, vamos trabalhar juntos pelo bem estar do povo de Jacobina" (Valdice Castro (DEM), prefeita de Jacobina)