
NOTÍCIA - As causas, o desespero e os prejuízos do dilúvio que atingiu o coração de Santa Catarina, um dos estados mais prósperos e desenvolvidos do Brasil. (...) Foi a maior calamidade já ocorrida em Santa Catarina, que registra grandes enchentes desde 1852. (...) Os prejuízos econômicos da catástrofe ainda não podem ser calculados em toda a sua extensão. O governo estadual estima que precisará, por baixo, de 280 milhões de reais apenas para reconstruir estradas, pontes e outras obras de infra-estrutura. (...) De acordo com o último balanço da Defesa Civil do Estado, o número de mortos chega a 126 com um corpo encontrado na cidade de Gaspar. Vinte e sete pessoas continuam desaparecidas: seis delas em Gaspar e 21 em Ilhota. O número de desalojados e desabrigados é 33.479, sendo 6.243 desabrigados e 27.236 desalojados. (Fonte: http://veja.abril.com.br/031208/reportagem-capa.shtml?gclid=CLmY8dOruZcCFQpuGgod0SujRw)
COMENTÁRIO - Não há palavras que possam expressar a dor e a angústia vivida pelos catarinenses diante das fortes chuvas que caíram naquele estado, dizimando vidas e trazendo imensos prejuízos materiais. Até o fechamento deste post, o número de mortos chegou a casa dos 126, com milhares de desabrigados e desalojados, sem falar nos milhões de reais de prejuízos. Triste. Vontade divina? Nem uma folha cai sem a permissão do Pai, não é assim que costumam recitar os religiosos? Ou consequência direta da ação humana junto a natureza, de forma destrutiva e sem o respeito devido às forças naturais? Responda você mesmo, eu não poderia ainda. Talvez ambas as respostas andem juntas, talvez não.
As imagens de morros caindo, de desespero e morte, de casas, animais e automóveis sendo tragados por lama e água, vivenciadas por centenas de milhares de pessoas no Vale do Itajaí e Litoral Norte Catarinense chocaram o mundo e despertaram um gigantesco sentimento de solidariedade, somente visto nas tragédias que periodicamente abalam a sociedade terrena, as de grande proporções, pois as menores, nem por isto menos dolorosas e tristes, ocorrem todos os dias, em todas as partes do mundo. São muitos os pontos de doações que se criaram no país visando levar alimentos, remédios, roupas, etc., aos catarinenses atingidos pela tormenta. Até o governo Lula prometeu a liberação de milhões de reais destinados a aliviar o sofrimento daquele povo do sul brasileiro e promover as primeiras recuperações materiais, no entanto, este dinheiro ainda não chegou, emperrado que foi pela nossa eterna burocracia dos poderes públicos.
Não quero neste post analisar a questão climática e/ou humana que causaram tal tragédia, mas fazer uma provocação saudável em relação a reação dos brasileiros de todas as cores e economia quanto ao exercício da solidariedade.
Me pergunto: por que tanto os governos quantos os cidadãos brasileiros não tem essa mesma reação beneficiadora em relação à seca no nordeste, onde milhares padecem das agruras da ausência da água e suas consequências na saúde e no bem estar de todos que habitam essas regiões? Por que não vemos nas cidades, em especial nas grandes cidades brasileiras, inclusive as nordestinas, postos de doações voltadas para os sofredores do sertão, da caatinga e de todas as zonas rurais e urbanas que são atingidas diariamente pela tragédia da fome, das doenças típicas de ambientes de sub-nutrição e sub-desenvolvimento econômico, da sede que mata, da dor que atormenta a alma das famílias enlutadas que enterram todos os dias crianças e adultos vítimas da tragédia da fome e da sede?
Vejo com misto de emoção, pela solidariedade dos baianos, e tristeza, nas cidades baianas, a exemplo de Salvador, criaram vários postos de arrecadação de alimentos e outras doações voltadas para a tragédia de Santa Catarina, mas nenhum, repito, nenhum posto de doação de alimentos, remédios, água e outras necessidades, dirigidas aos sofredores mais próximos e necessitados, os daqui da Bahia. Ao mesmo tempo que entregam quilos e mais quilos de alimentos para os famintos de Santa Catarina - que merecem e precisam - esquecem que ao lado, ali bem mais perto, nos bairros mais pobres de Salvador, na periferia da grande cidade, nos grotões do sertão baiano, na acidez da caatinga, a tragédia imposta pelas forças naturais e da ações dos homens nas queimadas criminosas, no assoreamento dos rios, entre outras, matam todos os dias irmãos nordestinos.
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Um comentário:
Não tinha pensado nisto ainda, é verdade. Por que em Jacobina ninguém faz isto também? É só lá em Santa Catarina que há fome e sede?
Carlos
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